Como nasce e o que define a escolha de uma pesquisa em História? Como é possível conciliar perspectivas e temporalidades diversas? Qual a relação entre a força do passado e o tempo presente? Procura-se nesta fala discorrer sobre tais aspectos, que são comuns a muitos dos trabalhos do historiador e que se colocaram para mim, pela primeira vez, quando da escolha de meu tema para uma dissertação de mestrado, defendida em outubro de 1980, na USP, e publicada em livro em 1982. Partindo de uma passagem de Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Jr (1942), o trabalho voltou-se para o estudo do processo de desclassificação social acarretado pela exploração do ouro na capitania de Minas Gerais (1693-1805). Ao mesmo tempo em que a região se tornou a mais rica e a mais importante do império português, a pobreza e o trabalho intermitente aumentaram entre a população. Na senda aberta pela história social britânica da segunda metade do século XX, procurou-se analisar tanto o processo de constituição desse grupo social como o seu modo de vida, sem descuidar de aspectos ideológicos presentes em concepções acerca da sociedade brasileira que perduram ainda hoje.
Laura de Mello e Souza nasceu em São Paulo, vivendo nesta cidade a maior parte de sua vida. Graduou-se em História (1975) na FFLCH-USP, universidade onde obteve também os graus de mestre (1980) e doutora (1986), sob a orientação de Fernando A. Novais. Ingressou no Departamento de História como docente em 1983; realizou concurso de livre-docente (1993) e titular (1998) na mesma universidade, aposentando-se em 2014. Foi bolsista Fapesp para o mestrado e o doutorado. Entre 1992 e 2014 foi bolsista de produtividade CNPq, sendo atualmente bolsista Sênior na mesma instituição. Foi Thinker Visiting Professor na Universidade do Texas (Austin) em 1998. Ocupou a Cátedra de História do Brasil na Sorbonne Université (2014-2022). Entre suas publicações, destacam-se: Desclassificados do Ouro (1982); O diabo e a terra de Santa Cruz (1986); Inferno Atlântico (1993); O Sol e a Sombra (2006); O Jardim das Hespérides (2022).
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