Como um acadêmico que migrou ao longo de quatro décadas entre disciplinas, com um mestrado em Literatura Inglesa, seguido por um doutorado em Literatura Comparada, seguido por uma posição de longa data como professor em um departamento de Cinema e Estudos de Mídia, há muito tempo sou atraído por “trans palavras” que oferecem um prisma privilegiado para se pensar a história recente dos estudos de cinema e mídia e dos estudos culturais. Meu interesse pelas palavras trans começou com a translinguística de Bakhtin, que ofereceu, já no final da década de 1920, uma crítica proto-pós-estruturalista da linguística saussureana, mesmo antes de esta ter se transformado em um estruturalismo mais amplo, antecipando assim a crítica derridiana em quatro décadas. A translinguística bakhtiniana se liga à paródia, à inversão social e ao carnavalesco – ou seja, à transposição para a arte do espírito das festas populares – como forma de compreender a semiótica social da cultura e da mídia para além das concepções estruturalistas estáticas. Prefiro “trans” a outros prefixos porque acho que é mais aberto e transformador. Arriscando esquematizar excessivamente, diria que “multi” implica uma mera multiplicação aditiva (por exemplo, “multiculturalismo” como uma lista de culturas separadas); ‘inter’ incorpora multiplicidade, mas acrescenta reciprocidade (interculturalismo como fenômenos de impacto mútuo; enquanto ‘trans’ incorpora multiplicação e reciprocidade, ao mesmo tempo que sugere possibilidades de transformação e transição de um estado para outro. Os outros transconceitos incluiriam transnacional, transmidiático, transdisciplinar, transartístico e transseccional, não como algo alcançável não por estudiosos individuais, mas sim coletivamente. A internet transformou meu ensino de várias maneiras, permitindo-me realizar transobjetivos que não seriam possíveis sem ela. Na minha fala, gostaria de dar exemplos de como podemos usar clipes curtos da Internet na explicação de conceitos socio-midiáticos essenciais, para enriquecer o ensino, inclusive em relação ao cinema e à mídia brasileira.
Robert Stam is University Professor at New York University. He has taught in France, Tunisia, and Brazil, and his work has been translated into French, Italian, Greek, Farsi, Japanese, Chinese, Korean, Portuguese, Spanish, Swedish, Norwegian, German, Hebrew, Arabic, Estonian, and Serbo-Croatian. He is the author or co-author of more than 15 books, including: Keywords in Subversive Film/Media Aesthetics (Blackwell, 2015); (with Ella Shohat) Race in Translation: Culture Wars in the Postcolonial Atlantic (Routledge, May, 2012); Francois Truffaut and Friends: Modernism, Sexuality, and the Art of Adaptation (Rutgers, 2006); Literature through Film: Realism, Magic and the Art of Adaptation (Blackwell, 2005); Film Theory: An Introduction (Blackwell, 2000); Tropical Multiculturalism: A Comparative History of Race in Brazilian Cinema and Culture (Duke University Press, 1997); Subversive Pleasures: Bakhtin, Cultural Criticism, and Film (Johns Hopkins University Press, 1989), and with Ella Shohat, co-authored Unthinking Eurocentrism (Routledge, 1994), (new edition with afterword 2014); Multiculturalism, Postcoloniality and Transnational Media (Rutgers University Press) and Flagging Patriotism: Crises of Narcissism and Anti-Americanism (Routledge, 2007). He has won Guggenheim, Rockefeller, and Fulbright Fellowships. In 2015, he was awarded the Jim Welsh Prize for Excellence in Adaptation Studies to “recognize superb scholarly work on film and/or television adaptations of literature, drama, and history.” His most recent book – World Literature, Transnational Cinema, Global Media: Towards a Transdisciplinary Commons – is forthcoming from Routledge. Apart from NYU and NYU-Abu Dhabi, he has taught in France, Brazil, Tunisia, and Germany.
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